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terça-feira, 13 de setembro de 2016

PEIXEIRO O APÓSTOLO DA ALEGRIA

A noite enchia de sombra as cercanias da Vila Olímpica e o silêncio da noite era quebrado pela palmas insólitas nas arquibancada do ginásio. Um par de mãos enormes, de fazer inveja ao goleiro Manga, enchia de ressonância as paredes e teto do Fernandão. Era verdadeiramente um aplauso ensurdecedor. Ele sozinho era capaz de empurrar qualquer time com seu coração do tamanho de uma torcida inteira. Era Jorge Peixeiro espalhando o riso numa casa onde ele foi durante muito anos um dos protagonistas de grandes espetáculos do futsal.

O destino me apresentou Peixeiro como goleiro e sua saltitante euforia de viver. E atesto com a minha exigente avaliação que ele foi um senhor guarda-metas. Quando Jorge abria os braços e batia as luvas na frente do gol ele nos hipnotizava. As traves simplesmente desapareciam diante daquele arqueiro gigantesco. Era uma verdadeira muralha diante das redes. Marcar em cima de Peixeiro era tarefa das mais desgastantes. 

Certo dia ele se cansa de esmagar as bolas com as mãos e abandona a vida de goleiro. A sua capacidade física transformou Peixeiro num dos grandes pivôs de Itabuna. Tinha uma bomba em ambas as pernas, fazia gol do meio da quadra na vila e a sua cabeçada era uma verdadeira pedrada. Jogou no melhores times de Itabuna como Nestlé, Grapiúna, Ciso e o inesquecível Garcia. Vestiu a camisa da seleção de Itabuna e com o mesmo amor defendeu muitas bolas e marcou muitos gols.

Fora das quadras Peixeiro foi ainda mais espetacular. Dono de uma fortaleza física, vendia saúde, mas era incapaz de usar a sua força para instituir a sua opinião. Era irmão das palavras e tinha a dialética a seu favor. Cantarolava a vida e ensaiava compor algumas músicas. Era um piadista de marca maior. Sonhava em publicar um livro com as frases engraçadas do futebol. Não guardava tristeza nem se alimentava da melancolia. Sua essência era puro entusiasmo e sua alma uma eterna criança. Contagiava qualquer grupo em qualquer situação com seu sorriso de cristal. Era um porta voz do divertimento.

Enfrentou de pé treze anos e nove meses de sessões de hemodiálise por conta da falência de seus rins. Lutou pela vida sem perder a esperança e aos cinquenta e três anos, acometido por um aneurisma, Peixeiro o apóstolo da alegria, deixou Itabuna triste e silenciosa.

POR: ARTABAM EDEM.

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